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Susan Sontag - CAMP

CAMP_






A exposição de alta costura “Camp: Notes on Fashion” foi realizada no Metropolitan Museum of Art (MET) de Nova York, a exibição aconteceu no período de 9 de maio a 8 de setembro de 2019, foi construída em torno do ensaio de Susan Sontag Notas sobre"Camp".
O livro foi publicado pela primeira vez em 1964, o artigo se estabeleceu como uma importante crítica cultural e a exibição de arte foi construída por Andrew Bolton pelo curador do Costume Institute do MET.
Susan Sontag,1975
Fotografia: Peter Hujar - 1934-1987.


Esse ensaio considera significados e conotações da palavra "acampamento", explora as origens da estética exuberante e como a sensibilidade evoluiu de um lugar de marginalidade para se tornar uma importante influência na cultura mainstream (conceito que expressa uma tendência ou moda principal e dominante).




Música: Alexander Schubert - Bird Snapper. March 9th 2012, "This is Not a Pop Song".
Muitas de suas obras se concentram em gestos baseados em sensores. Schubert também é um dos fundadores do Ensemble Decoder.
“Muitas coisas nesse mundo não têm nome e muitas coisas mesmo tendo nome, nunca foram definidas. Uma delas é a sensibilidade — inequivocamente moderna, uma forma de satisfação, mas não idêntica à satisfação — conhecida pela expressão esotérica Camp”. (Susan Sontag)
(livro, Notas Sobre Camp)
Quando o livro foi publicado muitas pessoas responderam com indignação. Assim como a pílula anticoncepcional ameaçava a supremacia masculina e o movimento dos direitos civis negros ameaçava a supremacia branca, "Notas sobre 'Acampamento'" ameaçava a supremacia heterossexual.
“O gosto homossexual sempre foi uma corrente na arte, mas raramente tinha sido nomeado”.
Camp (Acampamento) é um estilo estético e sensível que considera algo atraente por causa do seu mau gosto e valor irônico. Onde a alta arte incorpora necessariamente beleza e valor, o acampamento precisa necessariamente ser animado, audacioso e dinâmico.


"A estética do acampamento se deleita com a impertinência."


Acampamento se opõe à satisfação e busca desafiá-la.
Quando surgiu em 1909, denotava o comportamento "ostensivo, exagerado, afetado, teatral" ou "afeminado", e em meados da década de 1970, o acampamento foi definido pela edição universitária do Dicionário Novo Mundo como "banalidade, mediocridade, artifício, [e] ostentação ... tão extremo quanto divertir ou ter um apelo perversamente sofisticado". O ensaio da escritora norte-americana Susan Sontag enfatizou seus elementos-chave como: "artifício, frivolidade, pretensiosidade ingênua da classe média e excesso chocante".

Nas palavras de Susan, "a essência do camp é seu amor pelo não natural: do artifício e do exagero". A palavra camp também vem do verbo francês “camper”, que em tradução livre significa “Acampar, instalar”.
Há quem diga que é brega, cafona, nos limites do mal gosto. Mas é justamente na ousadia do extravagante que mora a revolução deste movimento de contracultura.
“Para começar de maneira muito geral: camp é um certo modo de esteticismo. É uma maneira de ver o mundo como um fenômeno estético. Dessa forma, o caminho do camp, não é em termos de beleza, mas em termos do grau de artifício, de estilização”, define Susan Sontag em seu ensaio.

“Camp: Notes on Fashion” tenta precisamente definir a moda num contexto do artificial, exagerado e até de muito mau gosto, como pagar até US$ 30 mil por uma mesa no jantar do Met Gala, transformando-se em uma passarela potente para grandes marcas para vestir estrelas pop.



“Susan Sontag também teria odiado o Met Gala”.



O escritor Benjamin Moser, biógrafo de Susan, faz uma crítica da natureza do evento. "Em um mundo onde os gays são assassinados todos os dias, Susan teria ficado alarmada ao ver uma crítica profunda da sociedade convencional apropriada para um evento que simboliza o local do qual os gays foram excluídos. Ela, uma ativista vitalícia da justiça social, teria ficado enojada com um evento com um ingresso de 30.000 dólares por pessoa, além das quantias obscenas que os participantes gastam em roupas e jóias".
Fotografia: Pabllo Vittar (Drag Queen)
O pensamento de Susan Sontag dialoga com o conceito de queer, que significa "estranho" em inglês, aplicado no contexto da luta identitária às pessoas que não se encaixam nas normas de gênero. Ser queer é estar à margem, não se encaixar nas normas e padrões vigentes na sociedade.
"Na estética gay, ela viu uma crítica à sociedade, um protesto contra as expectativas burguesas", disse Benjamin Moser. Esse diálogo entre camp e queer tem suas origens no poeta Oscar Wilde, citado na obra de Susan como um exemplo de teatralidade e sensibilidade características da estética camp.
Os verdadeiros "aristocratas do gosto", escreveu ela, eram homossexuais, cujo "esteticismo e ironia", ao lado da "seriedade moral judaica", compõem a sensibilidade moderna.

"Sinto que se os homossexuais não tivessem mais ou menos inventado o camp, ninguém mais o faria", escreveu Susan.
Um bom exemplo da estética camp no universo LGBTQIA+ são as drag queens. A origem do termo "drag" é controversa e a mais aceita é a expressão "dressed as a girl", do teatro na época de Shakespeare, quando todos os atores eram homens e interpretavam inclusive os personagens femininos. Encarando dessa forma, uma drag queen é uma pessoa que encarna um personagem feminino para uma performance, seja teatral, musical ou qualquer outra natureza artística.
Av3ry, músico de IA, cria músicas experimentais.
Música: 9206 Artista: AV3RY Álbum: #a
Drink-It é uma mini bolsa da Louis Vuitton revelada durante a Semana de Moda de Paris nos desfiles da Fall-Winter 2018-2019. A bolsa revelava uma forma inovadora em uma lata de refrigerante decorada com cristais ®Swarovski cintilantes.
Este estilo futurista foi feito com metal polido e recortes de couro luxuosos, um elegante forro de pele de cordeiro e alça de couro de bezerro finalizando o design.
Você se perguntar se poderia de comprar uma lata de refrigerante num supermercado e transformá-la em uma bolsa com alça também. Sim, poderia... e com estética bem exagerada e de mau gosto. Se há uma plataforma perfeita para o exercício do camp é a moda. O Drink-It Bag é uma inspiração: qualquer coisa pode ser transformada em moda. 
Características detalhadas
- Materiais: Cristais Swarovski prateados, guarnição de couro de cordeiro.
- 8,0 x 14,0 x 6,0 cm (comprimento x altura x largura)
- Renda de pele de bezerro
- Revestimento de couro de cordeiro
- Castelo de Prata S-lock
- Incluído: caixa, espanador, documentos, número de série.
A pequena e preciosa bolsa Louis Vuitton, que lembra uma lata de refrigerante é cravejada com mais de 12 mil cristais cintilantes, tornando-se o novo objeto do desejo das meninas. O ícone super pop, a lata de refrigerante que passou por gerações, foi adaptado para a moda. Embora seja um objeto "banal", uma lata em si mesma, ela atraiu a atenção de Andy Warhol que com sua genialidade infinita fez dela um verdadeiro ícone pop.
A inspiração para criar essa pequena tem o designer de Nicolas Ghesquière, diretor criativo das linhas femininas, cujo trabalho estava em exibição na exposição para Louis Vuitton do Met.
Foi ele quem desfilou o Drink-it para a coleção outono-inverno 2018/2019. Coberta com seus 12 mil cristais é fácil imaginar o quanto pode brilhar na luz e quantas multi-reflexões ela pode criar tornando-a ainda mais única e preciosa.
Drink-it é apenas um pouco maior do que uma lata de refrigerante de verdade.
Pode ser aberta e fechada através do fecho S-lock. O interior é completamente coberto com um revestimento de couro macio. O cordão enrolado está preso em cima da lata é uma longa correia de couro de bezerro que se pode enrolar no pulso para impedir que acidentalmente caia ou seja esquecida a preciosa lata em algum lugar.
Se você está se perguntando quanto custa, vamos apenas dizer que o valor atualizado é de $161000 HKD, $25800 AUD, ¥2354400 JPY.
O valor agregado desta bolsa está na aplicação dos cristais à mão. Só para esta etapa de confecção levou-se pelo menos uma semana de trabalho. Esta bolsa expressa todo o artesanato e paixão pela qualidade que a marca coloca para cada uma de suas roupas. Tanto que é um verdadeiro item colecionável!
2021 é o ano da comemoração do aniversário de 200 anos (4 de agosto de 1821) de seu fundador.




O Drink-it, com sua forma moderna, dá um toque extravagante e pessoal ao visual, mas ao mesmo tempo refinado. Não foi difícil prever que a Drink-it iria arrebatar vítimas da moda e pelo seu fascínio super pop estaria entre as bolsas mais "Instagrammed" de mulheres jovens.
Perfeito para uma noite especial onde a palavra de ordem é brilhar. E se você não brilhar com 12.000 cristais, como você faria isso?
Neste território das grandes divas, a cantora e atriz Maria do Carmo Miranda da Cunha, mais conhecida como Carmen Miranda, ocupa um lugar único. Além de sua sua importância para a cultura brasileira e o Carnaval, foi através de seu famoso chapéu de frutas e o traje de baiana que o camp chegou na Hollywood dos anos 1940.
Carmen Miranda levou o camp para a Hollywood.
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